(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

As raquetes dos avioes

As raquetes dos aviões

- Mãe, os aviões têm raquetes?
- Suponho que sim, quando neles viajam tenistas...
- Não mãe, estou a falar de umas partes dos aviões que se chamam raquetes.
- Não faço ideia, João, mas se quiseres posso perguntar ao Vítor.
- Acho que servem para "amorteceder" a queda.
Ri-me com a desarmante lógica daquela construção verbal. Realmente, partindo do "amortecedor", estava justificado o seu raciocínio. Ainda pesquisei sobre o assunto das raquetes dos aviões mas não o devo ter feito com a genica habitual porque não cheguei a conclusão nenhuma.

Dias mais tarde, uma avó "emprestada", de visita à casa e enquanto descrevia ao Ricardo a minha personalidade na infância, comentou que as pessoas inteligentes caem sempre de pé, como os gatos. E eu lembrei-me logo das raquetes que, segundo o meu filho mais novo, "amortecedem" as quedas.
O que é melhor? Cair suavemente? Cair em pé? Cair na areia? Não cair? E ser inteligente, tem alguma influência nisto? As quedas que se prendem com a força da gravidade da Terra podem doer, deixar lesões e até tirar a vida. Mas são simples e justificadas, tanto nas causas como nos efeitos. Já de todas as outras quedas, aquelas causadas pelos tropeções e escorregadelas dados no devir da vida, não se pode dizer o mesmo. Comenta-se por aí que a sabedoria e a coragem não residem em nunca cair e sim em sabermos levantar-nos após cada queda. Atrevo-me a contestar: muitas vezes as pessoas tropeçam e escorregam por não estarem atentas; caem não por não serem precavidas, por não se prepararem, por não preverem o que pode vir depois. Há muitas quedas resultantes dos desleixos, das fracas auto-estimas, das inércias e faltas de sangue na guelra. Continuo a achar que a maior queda de todas é a de quem se arrasta pela vida sem lhe dar algum sentido e sem a viver de facto. Deve ser por isso que concordo com a vóvó e a sua teoria da inteligência. Mas, à cautela, talvez seja produtivo instalar também umas raquetes na personalidade para, como diz o Joãozinho, "amortecedermos" alguma eventual queda.

Ana Amorim Dias

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