(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

Mars one

Mars one

A sério? Foram duzentas mil pessoas? Duzentas mil a candidatar-se a ir viver para Marte sem bilhete de regresso?? Depois de várias fases de seleção parece que já estão reduzidos a 700, havendo dois portugueses e uma portuguesa entre eles.

Eu estava a sair do banho quando comecei a ouvir a noticia, ontem, no noticiário da noite. Fui à pressa para a sala, não só molhada por fora como mergulhada, por dentro, numa incredulidade profunda. Não me assistiu a alegria das novas conquistas do Universo, nem sequer o raciocínio de todas as vantagens que algo assim pode acarretar. A única questão que me assolou, sem deixar espaço a mais nada, foi: "Quem é que, de livre vontade, se vai embora da Terra para sempre?!?"

Mais tarde, antes de me deitar, fui à rua ver as estrelas. "Ora aqui está um caso em que adoro olhar de baixo para cima e não o inverso..."

Acordei muito cedo e pesquisei "Mars One" no Google. Li, vi vídeos e fiquei a pensar nos loucos e bravos homens que, há alguns séculos, se lançaram pelo mar fora rumo ao completo desconhecido. As diferenças são muitas. Mas as semelhanças também. Ocorreu-me que ir para Marte é como saltar para o grão de areia mais próximo, num areal infinito. E de novo me voltou a consciência da nossa grandiosa pequenez. Agora, depois de me habituar à ideia, já foco mais o pensamento nas maravilhosas implicações deste grandioso projeto do que nos motivos que podem levar alguém a querer ir. Podemos existir, no universo, num plano colossalmente ínfimo, mas temos a grandiosidade de nos querer expandir. E percebo que esta sede de infinito nos traz um estatuto ligeiramente divino...capaz, quem sabe, de restaurar a fé da humanidade em si mesma.

Ana Amorim Dias

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