(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

Tanta seiva

Tanta seiva

Os miúdos vinham no carro a falar dos professores, até que um se lembrou que a professora de francês se chama Ana Rodrigues.
- Como tu, mãe!- saiu-se o pequeno.
- Olha, desculpa lá!! Eu nunca fui nem serei Ana Rodrigues, bem sabes!
- Mas não é suposto as mulheres ficarem com o último nome dos maridos? - indagou o Tomás.
- Em alguns países não, mas no nosso sim.
- E tu porque não quiseste o nome do pai, mami?
- Para o amar melhor...
- Não entendo. - reclamou o João.
- Eu nasci Ana Dias e morrerei Ana Dias. Vejo essa cedência ao nome do marido como uma subjugação que nunca poderia aceitar. O vosso pai apaixonou-se pela Ana Dias rufia e cheia de personalidade. Sempre lhe dei uma luta de igual para igual e é por isso que ele continua apaixonado por mim, entendem?
- Humm... Sim.
- É que há muitas pessoas que, quando casam, entregam tudo e perdem-se delas... perdem a "seiva" e deixam de ser a pessoa por quem o outro se apaixonou, e isso acaba com o amor.
- Bolas, mãe, e se tu tens seiva!!

Talvez os meus filhos não tenham entendido plenamente o que lhes tentei transmitir, mas compreendem, sem dúvida, o amor apaixonado que paira no ar lá por casa. E esse é, indubitavelmente, o mais belo ensinamento parental: ensinar que o amor terno, apaixonado e assente numa admiração feita de igualdades é o alicerce mais básico para uma vida feliz.

Ana Amorim Dias

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