(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

Godzilla

Godzilla

Cheguei a casa e apanhei o Ricardo em flagrante. Sobre a bancada da cozinha, inclinava a pequena taça de leite para que o minúsculo gato ingerisse algum alimento. Ele bem tentou disfarçar a ternurenta imagem que pouco condizia com quem anda sempre a refilar com o excesso de gatos. Fartei-me de rir porque só lhe faltou dizer "isto não é nada do que parece!"
- Se lhe dermos desde já mimos ele deixa de ser selvagem... Não??

O Godzilla continua nas ruas da Quinta, sob o olhar atento da arisca mãe que já não sopra quando o recolhemos para o alimentar a preceito. Ainda sopra e arranha com as suas unhitas de brincar, mas creio que se habituará a nós.
Nem sempre as toneladas de mimos fazem com que se deixe de ser selvagem. O Ricardo sabe disso porque, apesar de me andar a dar mimos há décadas, entende que serei para sempre selvagem. O que ambos sabemos também é que não há nada mais encantador do que seres selvagens que sabem ser mansos... à força de todos os mimos que levam!

Ana Amorim Dias

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