Natural
O carro estava quente, tinha ficado ao sol. Liguei-o e uma rumba começou a soar. Hesitei. "Ligo o ar condicionado? Náh..." Abri as janelas todas. Uma frescura pouco fresca começou a fazer-me voar os cabelos em todas as direções à medida que a velocidade foi aumentando. E quanto mais os cabelos voavam e a rumba se desenrolava nos meus ouvidos e lábios, mais a alegria me invadia. Uma alegria tão natural como a da temperatura do ar. Prefiro o vento quentinho ao ar condicionado. Sem dúvida.
Gosto do que é natural. Dos sorrisos genuínos. Das caras lavadas. Do ar da rua. Da música à desgarrada. Gosto dos corpos sem tunning; dos cabelos brancos; dos seios sem silicone. Gosto do que é verdadeiro, sincero, genuíno. Gosto das falhas que a verdade revela. Gosto mesmo.
Ana Amorim Dias
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