Reis do mundo
Olhei para os novos reis de Espanha, no noticiário da noite, e exclamei com sinceridade:
- Coitados!
- Coitados?? Porquê? Os reis têm grandes vidas!
- Pois eles que fiquem com elas. Não há melhor do que a vida de artista. Eles vivem dias formatados e nós inventamos os nossos. Quem é mais rei afinal?
Comecei a pensar bem nas causas do sono e cansaço que nos últimos dias me tem assolado. Não é por ter menos tempo para dormir, nem sequer por trabalhar mais, porque o trabalho, quase sempre amado e bem vindo, ao contrário de me cansar o espírito, sempre mo energizou. Voltas dadas à mente, encaixei a razão que me tem impedido de me sentir a rainha do meu mundo: o stress. Devo ser uma felizarda porque não estou habituada a lidar com o gajo. Costumo gozar-lhe na cara e desvalorizar todos os problemas com uma boa gargalhada, fértil de soluções e despreocupação. Até costumo aconselhar quem o sente que, com um bom par de orgasmos, um bocado de desporto e uns mergulhitos no mar, tudo se acaba por resolver.
"Reis do mundo são os que não têm stress, Ana", estou a repetir a mim mesma. Mas há alturas em que os métodos que proclamo para o seu combate não bastam. Há ocasiões em que temos que olhar lá para o fundo, para um futuro não muito distante, e visualizar o quanto, nessa altura, nos vão parecer patéticas as nossas ansiedades de agora.
Ana Amorim Dias
Enviado do Writer
Enviada do meu iPad
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