(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

30.7.14

Esta praga que vos rogo

Esta praga que vos rogo

Um simpático amigo, sabendo do meu gosto pelas pragas de Monte Gordo, fez-me chegar um bom punhado delas. Vieram à antiga, em correio de papel e estampa, entregues pelo carteiro. A acompanhá-las, uma breve mensagem escrita numa letra impecável.
Apressei-me a devorar o tesouro e a agradecer ao emissor.

Mas porque gosto eu tanto, afinal, destas exageradas pragas? Pensei um pouco e bastou. Gosto delas por isso mesmo: pelo excesso impetuoso e pelo cómico exagero. Elas são tão colossalmente excêntricas que me farto de rir ao ouvi-las:
"Havia de te dar uma dor de barriga tão grande que quanto mais corresses mais te doesse e quando parasses rebentasses."
"Havia de te dar uma febre tão alta que até te derretesse a fivela do cinto."
"Permita Deus que fiques tão magro, tão magro, que possas passar no buraco de uma agulha de braços abertos."
"Tantos raios e coriscos te caiam em cima quantos ovos são precisos para arrasar o forte de Castro Marim."
E por aí fora.

Fiquei com vontade de inventar uma praga também. Mas uma praga-benção, desculpem a contradição. É por isso esta, a praga que vos (nos) rogo: "Haviam de sentir um amor e uma alegria tão grandes, mas tão grandes, que tivessem que inundar todos com quem se cruzassem com esse amor e essa alegria!"

Acompanho a crónica com um tema que me parece adequado e aviso que deixo a praga lançada por tempo indeterminado!

Ana Amorim Dias



Enviado do Writer


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