Esta praga que vos rogo
Um simpático amigo, sabendo do meu gosto pelas pragas de Monte Gordo, fez-me chegar um bom punhado delas. Vieram à antiga, em correio de papel e estampa, entregues pelo carteiro. A acompanhá-las, uma breve mensagem escrita numa letra impecável.
Apressei-me a devorar o tesouro e a agradecer ao emissor.
Mas porque gosto eu tanto, afinal, destas exageradas pragas? Pensei um pouco e bastou. Gosto delas por isso mesmo: pelo excesso impetuoso e pelo cómico exagero. Elas são tão colossalmente excêntricas que me farto de rir ao ouvi-las:
"Havia de te dar uma dor de barriga tão grande que quanto mais corresses mais te doesse e quando parasses rebentasses."
"Havia de te dar uma febre tão alta que até te derretesse a fivela do cinto."
"Permita Deus que fiques tão magro, tão magro, que possas passar no buraco de uma agulha de braços abertos."
"Tantos raios e coriscos te caiam em cima quantos ovos são precisos para arrasar o forte de Castro Marim."
E por aí fora.
Fiquei com vontade de inventar uma praga também. Mas uma praga-benção, desculpem a contradição. É por isso esta, a praga que vos (nos) rogo: "Haviam de sentir um amor e uma alegria tão grandes, mas tão grandes, que tivessem que inundar todos com quem se cruzassem com esse amor e essa alegria!"
Acompanho a crónica com um tema que me parece adequado e aviso que deixo a praga lançada por tempo indeterminado!
Ana Amorim Dias
Enviado do Writer
Enviada do meu iPad
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