Entre Piratas e flores
Sete e meia da manhã. Tomo o meu café com leite na esplanada virada a Sul. O dia nasce quente e calmo. Promissor. Saboreio a paz e recordo a noite passada.
As miúdas do norte chegaram antes de mim. Assim que entrei no "Piratas", saltaram-me em cima com mimos e prendas. Provaram as tostas. Provaram os mojitos. Provaram os shots e comprovaram que falo a verdade quando ameaço "abadas" nos matraquilhos devido aos meus demolidores avançados.
- Anda Susana! Anda Susana! - Gritava a Paulina.
A Susana, essa, girava os bonecos num frenesim atarantado, perante a risada divertida dos meus filhos, já sobejamente habituados aos excêntricos amigos da mãe.
A gritaria e as gargalhadas soavam tão alto, mas tão alto, que o bar inteiro nos olhava, num misto de diversão e espanto.
- Calma meninas, ou o capitão põe-nos fora!
Sete e meia da manhã. Despedi-me da cama sem saber daqui a quantas horas a voltarei a abraçar. Não me importa. Nem um bocadinho. Saberei viver este dia, como todos os outros, com a sensação de ter sido abençoada...entre piratas e flores.
Ana Amorim Dias
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