(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

30.7.14

Monopólio

Monopólio

Apeteceu-me abraçá-lo em plena passadeira da praia. O meu bebé de um metro e noventa desperta-me uns instintos de mimo tão fortes que às vezes nem me reconheça a mim mesma:
- Namora comigo, baby... - tentei o tal abraço.
- Ai mãe, "deslarga-me"!
"Hum... Vou usar um ás de trunfo!"
- Está bem, então conto só ao Janicas!
Dirigi-me ao pequeno e perguntei-lhe:
- Queres saber algumas técnicas infalíveis para conquistar as miúdas??
Saltou para perto de mim como uma lebre.
- Conta, conta!
- Primeiro fixam o "alvo", mas lembrem-se que a beleza não é tudo, nem sequer o mais importante.- comecei, dirigindo-me aos dois e prevendo o que viria em seguida.
Não me enganei. Ao fim da primeira frase já o Tomás estava bem agarradinho a mim para não perder pitada.
- Depois têm que marcar presença. Uma presença segura, mas subtil; têm que insinuar-se com graça, inteligência e humor.
Nesta altura lutavam já entre si para conseguir estar completamente agarrados aos meus abraços.
- E agora vem o mais importante, aquilo que não poderão nunca esquecer...
- O quê, mãe? O quê? - alguma sofreguidão se apoderou do momento.
- As mulheres precisam de sentir proteção e monopólio! É fundamental!
- Importas-te de explicar? É que esta eu não percebi...- reclamou o Tom.
- Sim, mãe, o que é isso do monopólio?- corroborou o a
João.
- Qualquer mulher precisa de sentir que é a única, a exclusiva, a monopolista dos vossos corações. Se conseguirem mostrar que não há, nem nunca houve ou haverá outra, estão garantidos, prometo.

Consegui fazer a passadeira toda com os dois agarrados a mim. O que não sei se conseguirei é mantê-los a salvo de todo o poder que as mulheres sempre sabem exercer sobre os homens.

Ana Amorim Dias

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