(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

30.7.14

O erro

O erro

Eu já suspeitava que ela me fosse oferecer uma destas no meu aniversário. Mas quando a desembrulhei fiquei surpreendida na mesma. No dia seguinte a primeira coisa que fiz foi vesti-la.
- Diz-me, por favor, que não vais sair de casa assim...
Ao fim da manhã íamos a um evento oficial do Município.
- Tu estás louco? Eu tenho noção das coisas!
- Promete lá que não usas isso... Pelo menos aqui no concelho...
Não pude responder.

A opinião do Tomás foi diferente:
- Hiiii, "muita" gira, mãe!
Expliquei-lhe o "outro" significado. Fartou-se de rir.
- Vais mesmo vesti-la, não vais?
- Importas-te? - perguntei-lhe.
- Achas!? Tu sabes usar tudo o que vestes, mamã!
- E queres uma para ti? - provoquei.
- Deixa estar. Eu nunca iria dar-lhe uso.

Hoje pareceu-me um bom dia. Afinal vou para outro concelho e levo o carro comercial, o mais próximo que tenho para me sentir camionista. Bem, vamos ver o que acontece...
(...)

Usei a blusa pouco mais de meia hora. Andei a tratar das minhas coisas como se não fosse nada comigo, na mais pura, descarada e divertida inocência, a rir por dentro dos juízos de valor que deveriam estar a fazer sobre mim. Mas, de repente, apercebi-me da gravidade da situação! "Faz-me" está mal escrito: falta-lhe o hífen! Não posso usar uma blusinha com um erro ortográfico... A não ser talvez no estrangeiro.

Ana Amorim Dias

Sem comentários:

Enviar um comentário