(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

5.5.14

Tempestade cerebral

Tempestade cerebral

Quando, num jantar, se falam quatro línguas diferentes, existe não só a desvantagem de chegar o momento em que falamos com alguém na língua errada, como a vantagem de, após o segundo copo de vinho, começarmos a falar bem uma que não dominamos muito.
Quando se precisa diariamente de combustível criativo, conhecer gente de outras nacionalidades, credos e profissões, é uma benção a aproveitar com todos os sentidos. Por isso ontem tive que me dividir em atenções entre uma desportista profissional americana e um transformador de motas francês, acabando por descurar outras conversas que não queria de todo perder.

- E este Buda? Qual é a história dele?
Há zonas da casa do Eric que parecem um museu.
Contou-me como o adquiriu e eu ri-me às gargalhadas.
- Não trocava este metro quadrado de história pela casa mais enorme e fantástica que possas imaginar.- disse-me no fim.
Acredito. Quem vive intensamente não troca os símbolos das grandes memórias por nada.

Olhei de novo para o grande cartaz de ideias apontadas que está num cavalete, no meio da sala. Para este final de tarde está marcado uma "brainstorming", uma tempestade de ideias em grupo, para criarmos um produto mesmo bom. Embora conheça demasiado bem este tipo de tempestade, costumo tê-la a sós, daí que o facto de vir a fazê-la com um grupo de fantásticas e talentosas pessoas me esteja a entusiasmar mais do posso explicar.

Olho de novo para a cabeça do Buda, símbolo de iluminação e sabedoria. E percebo que não posso deixar de agradecer a felicidade de ser alguém que vive em constante tempestade cerebral; alguém para quem o que mais conta é esta odisseia incessante de explorar e fazer crescer a mente.

Ana Amorim Dias

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