(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

5.5.14

Numa tasquinha em Sevilha

Numa tasquinha em Sevilha

- Tu já reparaste que todos os "camareros" nos contam histórias?
Ele riu-se da minha alegria.
- Acho que hoje vais ficar cheia delas! Vais ter para crónicas e crónicas!

Íamos parando nas tascas que nos pareciam ter alma. O problema é que, entre Santa Cruz e Triana, todas as tascas a têm. Una copa y una tapa. Otra copa y otra tapa... Quando me apercebi já não podia comer mais e tinha estado em tantas esplanadas que vira a senhora da estátua do cimo da Giralda de todas as perspetivas possíveis.

- Há duas escolhas na vida de cada Homem que o podem levar a dois caminhos opostos...- começou o Ricardo a divagar.
- Quais caminhos? E quais escolhas? - o sol batia-me no rosto e eu estava simplesmente para lá do paraíso.
- Ter muito e viver pouco conduz à escravidão. Ter pouco e viver muito conduz à santidade...
- Waow! Então e ter muito e viver muito? Conduz a quê?

Não faço já a mínima ideia do que ele respondeu. Mas entendi-lhe o sentido. "Ter" é sempre menos importante que "ser", ponto final. E, naquele momento, eu estava a "ser" de tal maneira que estava a "ter" o mundo inteiro, numa tasquinha em Sevilha.

Agora tenho que me apressar porque os aviões não esperam.

Ana Amorim Dias

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