O que é que isso importa?
Eu estava a preencher os meus dados com o automatismo do costume. Nome, mail, data de nascimento. Quando chegou à parte de marcar a cruz no sexo, masculino ou feminino, fiquei em modo de bloqueio. Por uma fração de segundo o meu automatismo não soube responder. Homem ou mulher? Nem é que me tivesse ocorrido algo como "o que é que isso interessa?", mas foi um pouco estranho.
Momentos depois, a passear pelo facebook, deparei-me com o teaser do filme "Sei lá". "Idiotas", "muito básicos", "completamente inúteis", "sem nós não vão a lado nenhum", foram apenas algumas das primeiras devastadoras frases que qualificaram o sexo ao qual eu não pertenço. Fiquei incomodada. Será que todas as mulheres pensam assim? Eu não, seguramente. E duvido que a grande maioria também. Mas o que pode fazer uma mulher escrever uma coisa assim? Provavelmente tem tido muito azar com os homens, coitada. Alguém lhe explique que não se tem azar para sempre e que não é com um exemplar ou dois ou vinte que se podem generalizar as coisas.
Marquei a cruz no sexo feminino e continuei a tratar das minhas coisas. Só mais tarde, depois da incredulidade com que vi o tal teaser, é que percebi que não me faz qualquer diferença ser mulher ou homem. O que é que isso importa? O que eu gosto de ser é humana, e daquelas que, talvez por ver sempre o lado bom dos outros, não consegue formular generalistas críticas.
Ana Amorim Dias
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