(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

9.10.14

Patéticos clandestinos

Patéticos clandestinos

Eu estava metida na minha bolha, numa mesita do Piratas, a carregar crónicas no blogue. Tinha posto os fones para ouvir música e me abstrair das notícias sobre os casos "Bes" e "Monte Branco", a insanidade de Gaza e o mau tempo na Europa. Mas o capitão, gesticulando, chamou-me a atenção para uma inusitada reportagem.

Olhei para os encapuçados senhores do PND Madeira e libertei-me dos fones. Comecei a rir com a figurinha desconjuntada do orador, perguntando-me como conseguia ele ler o manifesto através daqueles dois buracos oculares tão diminutos e de dúbia horizontalidade. As boinas e as luvas completavam o ridículo quadro visual, enquanto a sonoridade da proclamada "clandestinidade revolucionária" me deixou entregue a duas ou três reflexões.
Sempre senti justificada repulsa por quem quer demonstrar algo sem aceitar mostrar o seu rosto. Isso não é atitude de pessoa íntegra, construtiva, idónea a revolucionar o que quer que esteja mal. Lembro-me logo de grupitos como o kkk, a "santa" inquisição e tantos outros que, em nome de algo que nada justifica, cometeram e cometem injustificáveis ações. Cada um pode escolher os grupos a que adere, aquilo em que acredita e o que quer defender. O que não está certo é fazê-lo a mal. Ou sem mostrar a cara. Porque isso, mais que cobarde, é patético.

Ana Amorim Dias


Enviado do Writer

Sem comentários:

Enviar um comentário