(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

9.10.14

Os colares preciosos

Os colares preciosos

A cabeça dele encaixa no meu peito e, quando me abraça com força, reclama com os colares que lhe magoam a cara.
Ontem estava a mimá-lo, junto ao precipício do sono que, convicto, o chamava e, de repente, do nada, perguntou-me:
- Porque é que usas sempre tantos colares, mãe?
Ando sempre com eles, envergando por vezes vários, todos juntos, combinados, desnivelados, a fazerem-me sentir mais sensual e completa.
- É que cada colar tem uma história, sabes? Cada um foi comprado num certo local, ou oferecido por alguém especial em dias ainda mais memoráveis no meio de tantos dias bonitos. E eu gosto de andar assim, com muitas memórias ao pé do coração.
- Mas não tens de ouro, nem de pedras preciosas, não és uma verdadeira Pirata, mãe!
Sorri-lhe. Acariciei-lhe os cabelos e expliquei-me melhor.
- As coisas valem pelo que nos fazem sentir, João. Valem pelas memórias doces, pelos significados que só nós entendemos. Esta concha que hoje trago é preciosa porque ma deste, na praia, com um sorriso orgulhoso que eu nunca mais esqueci.
- É o teu colar preferido, mami? É precioso?
- É um dos meus preferidos. E sim, muito precioso. Como tudo o que nos coloca um terno sorriso no rosto.

Ana Amorim Dias

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