(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

9.10.14

Pequenos mestres

Pequenos mestres

Acordei com ele às turras pelo quarto. Aquilo não era desespero, apenas convicção. Entrou pela janela que fica aberta o verão todo e não estava a conseguir encontrar o seu caminho de volta à rua.
Era demasiado cedo quando o passarito me arrancou ao sono. Mas não me irritei nem indignei. Com toda a solenidade, após o capturar em imagem, abri-lhe outras janelas de oportunidade. Saiu num instante, o espertalhão. Voou feliz de regresso aos seus pares e ao seu mundo. E eu atirei-me em voo para a cama. Contudo já não dormi mais. Fiquei a divagar sobre o abrir de portas e janelas. E de novo chegou o amor: não se ama alguém prendendo-o junto a nós. Não se completa, não se potencia, não se faz feliz ninguém, fechando-lhe as portas e janelas. Só o inverso é real.

Não fosse a pequena ave e ainda estaria a dormir... Mas agradeci-lhe a sorrir aquele duplo despertar.

Ana Amorim Dias
14/9/2014

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