(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.3.14

Parabéns pai

Parabéns pai. É o terceiro aniversário do teu nascimento que celebro sem ti por cá. Talvez tenha sido por coincidência que, há dias, encontrei este velho papel em que a tua letra impecável corrigia os erros dos meus seis anos. Ou talvez não tenha sido só obra do acaso. Não importa, já não me questiono sobre essas questões. Como não questiono sobre os porquês de partidas abruptas nem de chegadas inesperadas. A vida é mesmo assim, uma sucessão de surpresas que devemos encarar sem erros.
Mostrei esta folha aos meus filhos. Para lhes demonstrar que também eu dava erros (que ainda corro o risco de os dar, precisamente por escrever todos os dias) e que tu me corrigias com uma exigência que desde há muito te agradeço.
O Tomás já está mais alto que tu e continua a ser o miúdo mais meigo que conheço. O João é uma pequena força da natureza, mas fácil de orientar para o bem. São muito sociáveis e têm a tua humanidade e humor, por isso é fácil a nossa admiração mútua e relacionamento cúmplice. A Quinta está cada vez mais linda e o Ricardo e eu estamos mais felizes que nunca. A mãe está bem, não te preocupes. Mas não somos nós que tratamos dela, é ela que continua a tratar de todos os filhos e netos com a mesma doçura e beleza que sempre te apaixonou.
É esta a tua prenda: o teu legado. Deixaste uma família coesa, que se ama, admira e apoia. Uma família para quem os erros apenas servem de inspiração aos acertos corrigidos com amor.
Quanto a mim, meu pai, apenas posso dizer-te que continuo a tentar ser alguém bom, alguém em crescimento que procura não errar muito. E continuo a escrever e a fazer as pessoas pensar e sorrir. Como tu me fazias a mim. Como tu continuas a fazer, para lá do tempo e para além do espaço.
Ah, e pai? Prossigo no infantário da minha infantilidade inocente e feliz. Mas não preciso que me venhas buscar. Estás sempre em mim.

Ana Amorim Dias

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