(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.3.14

Mala de mulher

Mala de mulher

Ele entrou para o banco da frende do carro.
- Só quando tiveres um metro e noventa é que podes vir à frente, filhote!-
- Podes parar de me gozar um bocadinho, podes?-
Eu devia era ter posto a fasquia nos dois metros porque com um metro e noventa está ele quase.
- Mãe, desculpa lá mas hoje vou à frente!
Fico sempre exaltada quando não levo a mala e a pasta de CDs mesmo pertinho de mim, no banco do lado.
- Insolente...
- Mãe!!
- Está bem, está bem! Vem lá à frente...
E então expliquei-lhe a teoria da mala ao pé. Todas as mulheres precisam sempre da sua mala o mais perto possível de si. Não basta ela estar no nosso campo de visão, é imperativo que esteja ao alcance da mão porque lá dentro existe todo um mundo de objetos essenciais cuja absoluta necessidade de proximidade os homens jamais poderão entender.
A mala de uma mulher é a sua casa portátil, a sua nação, a nascente de todas as soluções. Tem coisas tão importantes como o rímel e um verniz; o comprimido para as dores de cabeça e lencinhos de papel. Tem canetas, uma pinça, um espelho e pastilhas. Já para não falar do telefone, dos auriculares e de um carregador de emergência. Tem os documentos todos, o bloco de notas e papeis extremamente importantes que são quase sempre para deitar fora. E um par de brincos extra, uma tesoura pequena e um ou dois batons. Mala de mulher que se preze é uma espécie de recipiente mágico que comporta muito, mas muito mais do que o seu espaço físico permite.
E depois ainda perguntam como é que temos esta capacidade perpétua de solucionar todos os problemas em qualquer lugar... A mala é a nossa varinha de condão, é a poção mágica sem a qual ficamos desprovidas de grande parte dos poderes.
- Mãe!
- Hã?
- Vocês são mesmo complicadas!

Não. Definitivamente os homens nunca vão entender todo o valor que se encerra na mala de uma mulher!

Ana Amorim Dias

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