Onde se compra este fato?
- Não queres vir também?
- Onde?
- A uma festa de carnaval. Vamos todas disfarçadas de gatas.
A gargalhada interior ainda soou mais alto do que a que soltei com a voz. "Que doidas. Eu? Mascarada com um fatinho de licra malhado, bandolete de orelhas e uns bigodes colados? Quanto teriam de me pagar??"
- Nah. Mas obrigada na mesma.
Ontem, durante a indispensável ronha matinal na minha cama, o Ricardo perguntou ao Tomás:
- Hoje vais mascarado de quê para a escola?
- Eu? Vou de Tomás Dias Rodrigues!
- És mesmo meu filho, pá!- retribui-lhe o elogio que me está sempre a mandar ao revés.
- E tu, João? - voltou o pai à carga.
- Vou de agente secreto: roupa normal e um bigode colado!
Pronto, estou safa do carnaval!! Yess!
Do que é que eu não me importaria de mascarar? Qual é a minha "personagem totémica" afinal? Só me lembro de me ter mascarado de sevilhana, cowboy, pirata e louca. Se bem que, para louca, acho que nem vale a pena grandes disfarces, basta a atitude certa. Bem, mas voltando ao que interessa: máscaras para quê? O Tomás é que tem razão, ao disfarçar-se de si mesmo. Há lá coisa melhor que acordarmos cada dia prontos a "disfarçar-nos" na pessoa que queremos ser? É que, bem vistas as coisas, à força de tanto vestirmos certas personagens, acabamos por nos tornar nelas.
Sobrou-me o caso bicudo da minha "personagem totémica": onde se compra o fato de uma super-heroína que quer salvar o mundo com palavras e amor?
Ana Amorim Dias
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