(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

26.9.11

Não é pela força…

… Que se toma o coração de uma mulher. Nem o de um homem, também. Não é com pressão ou chantagem que se consegue o regresso a um passado de amor.  Se nada se perde e nada se cria, apenas se transforma, então porquê tanta dificuldade em aceitar que os sentimentos se transmutam em algo diferente?
 Sem dúvida que, para quem ama, aceitar que já não é amado é o mais duro dos golpes… Como agir nesse caso? Lutar, em desespero, por um sentimento que nem sequer mudou, apenas se alterou para amizade, tolerância ou indiferença? Lutar pelo amor perdido é coragem, loucura ou simples humilhação?
 E que dizer de quem, após tantos anos de amor, descobre que o sentimento que tem não é amor e quer seguir com a vida a sós (ou com um novo amor nascido)? Quem já não ama terá obrigação de se manter num casamento (ou relacionamento ) sem amor? Quem já não ama terá a obrigação de ficar nesse conto, outrora de fadas, por respeito ao passado, à casa e aos filhos? Quem mudou o sentimento de amor para simples companheirismo não terá, mais que o direito, a obrigação de o transmitir ao outro?
O tempo corrói a paixão. O dia a dia faz definhar o amor por tantos motivos diferentes… Há casos, poucos, de sábios seres, abençoadas pessoas, cuja sabedoria e empenho conseguem reavivar a cada dia esse montro sequioso que é o amor, o puro, perfeito e absoluto amor. Mas a maioria dos casos consiste em casais que o tempo matou; o que mais há por aí são relacionamentos sem fogo, sem paixão, sem comunicação, em que o “amo-te” diário se diz decorado e não declamado! São tantos os casos em que perfeitos estranhos se dizem família sem compreenderem que a vida assim não é vida, é apenas um fantasma vivo do morto passado; é apenas  uma farsa conjunta em que os actores actuam sem ensaio no palco da vida…
  E quando alguém insiste em querer que o sentimento volte, quando se perdeu para sempre, (transmutado em outro sentir), aí começa a batalha da força, aquela que nunca ninguém venceu  nem poderá vencer. Quando alguém quer o sentimento do outro de volta a qualquer custo, a qualquer preço, se o amor já lá não está, nada há a fazer a não ser talvez ter esperança que um dia volte.
  Mas quem deixou de amar que nunca sinta a culpa! Nunca! Não é uma escolha nossa, tal como não o é nascer ou morrer. Ninguém é culpado por deixar de amar, como não o é também por começar a fazê-lo. Por isso, caso o sentimento de amor tenha dado lugar a outro, não se culpem;  aceitem. E escolham como querem viver… Na farsa… ou na verdade???
Porque não é pela força que se  toma um coração… O corpo talvez, a vida também. Mas o coração… esse é sempre nosso e só vai para onde entende… para onde ele próprio escolhe ir.
Não deixem o coração sozinho. Acompanhem-no sempre e aceitem as suas escolhas. Só assim não estão a enganar o mundo. Só assim não se enganam a vós mesmos!
Ana Dias

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