(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

26.9.11

Diz-me com quem andaste… dir-te-ei quem foste…

   Olá Pai! Hoje conheci o teu amigo de sempre, o Vítor Adrião. Ouvia-te sempre falar dele com uma admiração e saudade tão grandes que se entranhou também em mim esse teu gostar.  Mas sabes, Pai? Mesmo que não estivesse já “programada” para esta enorme empatia que senti, teria sido impossível não gostar daquele homenzão forte e cativante.  É engraçado que que ele é exactamente como o imaginei:  carinhoso e culto, sentimental e envolvente… como tu.
  Quando íamos para o restaurante, confidenciou-me a chorar, que lamentava terrivelmente não ter chegado a tempo de te ver… Não resisti, pai, e abracei-o mesmo ali, no meio da rua! Dei-lhe o abraço que tu lhe terias dado depois de tantos e tantos anos sem se verem; e dei-lhe também o  abraço da filha “pequenina” do amigo de quem ele tanto gostava…
   Contou-me histórias vossas com um sorriso rasgado; contou sobre como, há dezassete anos, uniu a vida à Micá ( ias adorá-la como eu e a mãe adorámos: tem olhos feitos de mar e o sorriso da mãe Terra… ternurenta, calma, suave…), contou-me que foi ele que atravassou a baixa de Lourenço Marques com o bouquet de noiva da mãe na sua mão, porque ela lhe pediu esse favor no dia do vosso casamento.  Mas o que ele me contou com uma verdade maior nem sequer foi dito com palavras… foi dito com o olhar: olhou para mim com um orgulho e uma ternura que  só pode ter um verdadeiro amigo, alguém que te tem trazido sempre  no peito.
  No fim, pouco antes de me vir embora, ofereci-lhe o mesmo livro que te dei há meses, Mas não lhe dei apenas o “Histórias do (A)Mar”, dei-lhe o mesmo exacto exemplar  que te dei a ti, pai!  Aquele com a dedicatória que te fiz no dia 20 de Dezembro do ano passado… aquele em cujo epílogo escreveste as palavras mais valiosas que já alguma vez me disseram…  Dei-o a ele:  o único homem que poderia receber a honra de ser guardião desse tesouro!  
   Despedi-me com abraços apertadinhos, como os que te dava a ti… tenho tantas saudades desses abraços…   Por isso soube-me mesmo bem: foi como se me tivesses apertado através dos braços deste teu fantástico amigo que apenas hoje conheci…
E Pai?...  Ao ver com quem andaste, confirmo bem quem foste…
  Beijos pai… e um abracinho… daqueles!
Ana

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