Os chocolates perdidos
- É verdade, é! Tenho três chocolates Oreo escondidos, mas nunca os conseguirão encontrar!!- exclamei, trocista.
- Oh mãe!!
Já desisti de colocar as guloseimas bem à vista, nas prateleiras. Em nome do salutar travão aos excessos de açúcar, trato de as esconder sempre em locais insuspeitos, distribuindo-as, depois, com regras e moderação.
"Eu e a minha grande boca!" Suspirei enquanto os patifes partiram na feliz aventura da caça ao chocolate. Mas continuei com o meu ar de gozo por estarem bem longe do alvo.
- Tomás, Tomás! Encontrei dois chocolates brancos!- creio que o João exultava mais pela adrenalina da vitória do que pelos chocolates.
- E João, olha! Uma caixa de bombons, aqui nesta gaveta!
"Mas que raio? O que é que se passa aqui??" E então lembrei-me que me tinha esquecido de guloseimas deixadas em alguns dos esconderijos por inventar sempre novos!
- A tua memória é impressionante.- comentou o meu irmão, sentado ao meu lado no carro.- Como é que te lembras, com essa precisão toda, de coisas que aconteceram há tantos anos e eu nem me lembro do que almocei ontem?
Nesse momento ocorreu-me que os melhores esconderijos são os da nossa memória. Aqueles esconderijos que nunca ninguém encontrará a menos que os queiramos mostrar. Os mesmos a que podemos aceder em qualquer altura e desde qualquer lugar para alcançar recordações mais doces do que qualquer chocolate!
Ana Amorim Dias
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