(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

29.3.14

O gato maléfico

O gato maléfico

- Sai da minha frente, gato maléfico!
Está bem que o acordar do Tomás não é dos mais fáceis mas, ontem de manhã, estranhei-lhe a falta de doçura em relação ao gato pois normalmente mima-o sem estribeiras.
- Então, amor? Quem trata assim o gato sou eu, não és tu!
- Mas mãe, o Laranjinha foi acordar-me às cinco da manhã, a pedir para ir à rua...outra vez!
- Quando trouxeste o gato para casa, não prometeste que ficava aos teus cuidados?
- Sim.- Ainda ensonado, foi-se embora com a tigela dos cereais.- Vá, anda cá, gato maléfico.

O gato no fundo é muito esperto. Primeiro porque já percebeu que só os sismos é que me acordam (e têm que ser dos fortes), e segundo porque sabe que se me conseguisse acordar se ia meter em sarilhos dos sérios.
Quanto ao Tomás, não faço ideia de como vai resolver o seu problema com o maléfico Laranjinha, mas uma coisa é certa: é quando os seres que amamos se tornam ligeiramente maléficos que o nosso amor por eles é realmente posto à prova.

Ana Amorim Dias

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