(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.2.14

Toque de genialidade

Toque de genialidade

Era a minha vez de fazer o jantar. Liguei-lhe.
- O que é que te apetece?
- Não sei. Qualquer coisa que não te dê muito trabalho.(Estes maridos modernos são um espetáculo!)
- Vá lá, Ricardo! Dá-me ideias!
- Há batatas?
- Claro!
- Coze umas quantas e faz recheadas no forno.
Ele só podia estar a gozar. Não queria que eu tivesse trabalho e dava uma sugestão daquelas?
Mas fiquei com vontade de batatas recheadas. Fui para o banho. Pensei um pouco e lembrei-me da raclete que comi em casa de uns amigos, nos arredores de Paris. "Hum... Podia fazer raclete...era prático...mas não tenho a máquina." Pensei mais um bocadinho. "Oh rapariga, então com este cérebro todo não arranjas solução?? Além disso, somos ou não o povo do 'desenrasca'?"
Acabei o meu banho e vesti roupas confortáveis. Mais um pau na lareira e batatas na panela. Cocei a cabeça. "Hum... Isto é capaz de funcionar!"
Virei a torradeira ao contrário e pus o queijo por baixo. Ao lado, a panela com água fumegante mantinha as batatas quentes por cima. Pratinhos com fiambre, chouriço e outros acepipes e, claro, um batalhão de molhos, ordenados em fileiras.
- Meninos, vocês já viram bem a mãe fantástica que têm??
- Sim, pai.- responderam de boca cheia e com o melhor dos humores.
E eu olhei para a cómica cómica visão da torradeira virada, ligada com uma extensão, entendendo que, muitas vezes, o toque da genialidade está nas concretizações coisas mais simples...e mais patetas.

Ana Amorim Dias

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