(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.2.14

Brilhantes brilhos

Brilhantes brilhos

- Mãe, mãe! Olha! A Lua está-se a mexer!-
- Não João, as nuvens é que estão e cria-se a ilusão de que é a Lua.
- Ah pois. Ela não se mexe assim tão depressa... Mas brilha muito!

- ...Porque a palavra "brilhante", por exemplo, tem umas oito traduções diferentes, mas encontrar a que mais se aproxima do sentido que lhe deu, requer uma atenção muito especial.
Eu estava ao telefone com a Ana, a tradutora, e sorri porque a palavra continuava a aparecer-me.

Ontem à tarde, estando triste e macambúzia, alegrei-me um pouco ao constatar que o sol, brilhante, estava a dar luta à chuva dos últimos dias.
"Hum...cheira-me que o meu pai está para me mandar um arco-íris..."
Nem dois minutos passaram até o ver, glorioso, no céu. Desviei durante algum tempo a trajetória do meu carro para ver o arco-íris de frente e recordar o meu pai. Lembrei-me das gargalhadas que dávamos quando, em alguns banhos de mar, nos chegava a maluqueira e fingíamos estar no duche, a esfregar-nos com gel de banho, perante o olhar incomodado dos demais veraneantes e a vergonha que levava a minha mãe a afastar-se de nós. Sorri. Brilhante!

O que é preciso para se ser brilhante? O que é que é necessário para viver momentos brilhantes? Como podemos aquecer os outros com o nosso brilho? Creio que tudo se resume a uma alegria sem motivos e a um pouco daquela loucura inofensiva que traz um doce sabor aos dias.
Lembrei-me da visão que o João tem da "sua" Lua, que se mexe devagar mas brilha muito, e pensei que a alegria é assim: às vezes demora a chegar mas depois... ai como brilha!!

Ana Amorim Dias

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