(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

26.12.13

O próximo

O próximo

Duvido muito que seja coincidência. Acho que é a sequência lógica do funcionamento criativo. Se é, claro, que o funcionamento criativo se rege por algum tipo de lógica.
Mas deixem-me expor os factos e defender o meu caso.

Iniciei, finalmente, uma excursão exaustiva pelas mensagens privadas do Facebook. Tinha urgência em agradecer a quem me trouxe palavras simpáticas. Tinha a obrigação de começar a dar resposta às encomendas; saber mais sobre os destinatários para poder, assim, escrever dedicatórias sentidas e com sentido. Percebi que, talvez, esta missão me leve alguns dias, até porque os outros trabalhos (e os catraios de férias) também precisam de toda a minha atenção. Comecei por uma ponta e lá fui cumprindo o meu papel, sorrindo de cada vez que o telefone tocava com uma nova encomenda.

Voltei à minha secretária como quem aterra do espaço. O corpo continuava ali mas o pensamento tinha-se escapado, indomável, para o próximo livro. Pela primeira vez em meses, percebi o que aí vem. Há personagens demasiado fortes a povoar os meus dias; há a necessidade de escrever sobre a personagem que melhor conheço e sobre a qual ainda nenhum livro escrevi. Sim, tornou-se tudo muito claro: no próximo não vou inventar, não faria sentido. Já sei sobre o que vou escrever e como o farei.

Regressei ao meu corpo e à minha secretária. Olhei com uma satisfação orgulhosa para o encantador "Olho Ubíquo" e senti-me feliz. "Em breve terás uma nova companhia", disse baixinho, enquanto apagava as luzes e me preparava para entrar no mundo dos incontroláveis sonhos.

Ana Amorim Dias


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