(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

26.12.13

De amor e perdão

De amor e perdão

- Põe, mãe!-
- Estás louco, não ponho nada! O que é que as tuas avós vão dizer?-
- Não importa, estás linda! Passa para cá o IPad, se não pões tu, ponho eu!-
Rendi-me. Tenho aprendido que é de onde menos se espera que boas opiniões nos chegam.

Ao serão, enquanto a curiosidade pelo aumento dos "gostos" me perturbava o trabalho criativo, fiquei a olhar, intrigada, para a minha imagem. Não fumo charutos mas, como imagem promocional para o novo livro, a coisa até faz sentido.
"Quem és tu, afinal? Que ar misterioso é este?"
A vida tem muito mais interesse quando nos descobrimos como as primeiras pinceladas de uma enorme pintura; como as primeiras páginas de um livro. Sim, a vida só é mesmo uma aventura fantástica quando temos a capacidade de encarar cada acontecimento como algo que nos desafia, transforma e constrói. Não sabemos o aspeto final da obra "nós mesmos", mas temos que aprender a aceitar que não somos obra acabada: somos a soma de tudo o que nos acontece e de todas as nossas reações. E temos a obrigação de a criar da mais inesquecível maneira, senão pelos outros, por nós! Porque merecemos o melhor. Merecemos ser melhores. Merecemos viver com o encantamento de quem inspira, de quem ama, de quem perdoa tudo para todo o sempre.
E então, enquanto pensava isto tudo, lembrei-me dos filhos que não falam com os pais; lembrei-me dos amigos desavindos que já não recordam as razões do fim da amizade; lembrei-me do estúpido orgulho que impede as pessoas de recomeçar afetos que nunca acabaram.
Não, isto não é o espírito natalício: é a voz da razão, de mãos dadas com a do coração, que sabe o ano inteiro o que realmente importa.
Não me vejo especialmente bonita, nesta fotografia, mas vejo-me com a beleza de quem sabe que a vida é a construção contínua da nossa personagem real; vejo-me com a sensualidade mística de quem aprendeu muito bem as mais importantes lições. De amor e perdão.

Ana Amorim Dias

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