(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

22.1.14

Sabedoria em cadeia

Sabedoria em cadeia

- Mas, Ana, que grande dedicatória! Não era preciso tanto...
Expliquei-lhe que sim, que é preciso. E justifiquei-lhe porquê.
- Quando um escritor entrega um livro seu, tem a obrigação de ser generoso nas palavras, só assim honra de facto a sua obra e quem a irá ler. Não o fazer seria desvirtuar as centenas de páginas seguintes.
Observei o seu ar encantado e prossegui.
- Quem me ensinou isto foi o Eric. E tenho sempre presentes todas as suas lições.

Foi ontem, ao almoço, que nos conhecemos. Falámos sem parar durante mais de duas horas e percebemos como vai nascer, íntegra e fiel, a versão inglesa de "Olho Ubíquo". Achei piada ao facto de, por várias vezes, a minha homónima Ana, a tradutora, se ter perdido a falar de mentores, professores e pessoas que a inspiraram. Sempre com um brilhozinho nos olhos.

À noite recebi uma mensagem muito extensa de alguém, que ainda não conheço, a explicar o quanto ler-me a ajuda. Terminou dizendo que quase lhe apetecia dormir agarradinha à dedicatória que lhe escrevi, pois não se cansa de a ler.

Não fiquei siderada nem com o ego inflamado. Sorri apenas, sentindo-me agradecida pela sabedoria que me tem sido entregue por todos os meus mentores. No fundo é tudo uma sequência em cadeia: eles aprenderam com alguém, escolheram-me como discípula (ou o inverso, talvez) e agora, enquanto vou exercendo cada um dos ensinamentos, percebo que é na sua realização que também me vou tornando mentora.

Ana Amorim Dias

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