No nosso primeiro mundo
Lembrei-me de quando era mesmo bem pequenina. De quando, aos sábados de manhã, saltava para a grande cama dos meus pais e me sentava na barriga dele, a falar sem parar. Fiquei para sempre com a ideia de que me ouvia encantado. Não faço ideia do que dizia ou contava, mas creio que era o seu ar deliciado que colocava ainda mais alegria e convicção no meu discurso infantil.
Com os meus irmãos e a minha mãe, sempre foi a mesma coisa: chamavam-me às decisões; ouviam-me; valorizavam-me; apoiavam-me.
Hoje olho para mim, para o que faço e como o faço, e atribuo a todos eles grande parte dos créditos por esta confiança tranquila que me faz avançar sem quaisquer hesitações. Tenho eternamente presente a forma construtiva e atenta como me escutaram e valorizaram desde que me lembro de ser gente.
É por isso que sempre falei com os meus filhos não como crianças mas como pessoas fantásticas cujas opiniões e sugestões escuto sempre com uma deliciada atenção: porque não me posso esquecer que a maior confiança em nós mesmos se forja desde o início da vida, naquele que é o nosso primeiro mundo.
Ana Amorim Dias
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