(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

22.1.14

Como um samurai

Como um samurai

Creio que já não é a primeira vez que narro este episódio, mas hoje preciso dele de novo.

O catraio devia ter uns seis anos e ia no carro com o irmão mais velho ao seu lado. Como tantas vezes, conseguiu (já não recordo de que maneira) fazer com que a minha paciência entrasse em curto circuito. Preparada para lhe dar uma lição memorável, encostei o carro na berma e saí pela minha porta, direita ao banco de trás. E foi então que ouvi: "Depressa, Tomás! Traaanca o caaaarroooo!!"
Fiquei do lado de fora, sem saber se havia de romper em gargalhadas ou deixar crescer ainda mais a minha já intensa fúria...

O novo ano trouxe-me pessoas a precisar de ajuda. Aparecem-me sem aviso, chegando à minha vida das mais inusitadas formas. Tento ajudar como posso, percebendo que é com as palavras que algum positivo efeito vou conseguindo causar.
- Já não consigo ler o futuro, Ana!-
- Ah tu eras vidente, é?-
- Não, mas conseguia ler o futuro e preparar-me para ele!-
- Deixa-te de merdas! Estás é com uma pena de ti que até mete nojo! Devias respeitar-te mais e saber ler, sim, as tuas capacidades para enfrentares a vida!
Sei que posso ser um pouco dura mas, às vezes, só assim é que fazemos estremecer os alicerces alheios, levando-os um pouco mais para o contra-ataque aos problemas.

Ou então são desgostos de amor:
- Já não sei viver mais com esta dor... Dói demais, Ana, eu não merecia.
- Ninguém merece sofrer, querida! E muito menos por amor! Concentra-te em ti, agora. Procura o amor próprio durante uns tempos e não o que vem de fora. Tenta esquecer e avança!

Passamos demasiado tempo a lamber feridas e a fugir de enfrentar os touros pelos cornos. Passamos demasiado tempo em auto comiserações patéticas que nos desrespeitam e enfraquecem, quando na verdade devíamos fazer como o meu filho mais novo: encontrar soluções instantâneas e guerrilheiras para a supremacia do nosso bem estar.

Naquele dia, há tanto tempo, o João safou-se de umas belas nalgadas por ter "desarmado" o "inimigo" com fortes gargalhadas. Mas o certo é que todos os dias são dias de desarmarmos a nossa pena de nós mesmos. Todos os dias são dias de esquecermos o que nos magoa e aprendermos a ler o futuro usando a lei da boa atracão a nosso inteiro favor. E, sim, todos os dias são dias de investirmos contra os problemas, como um samurai que se "vai a eles" com a atitude vencedora que os desfará em pó... ou gargalhadas.

Ana Amorim Dias

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