(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

11.10.13

Em modo criança

Em modo criança

A gritaria que vinha da casa de banho estava a ser abafada pelo alto som da aparelhagem da cozinha.
Enquanto eu partia o pão, o Tomás passou a correr, todo nu. O João chamou-me, da banheira. As gargalhadas eram agora mais sonoras que a música.
- O que foi João?-
E então, ao entrar na casa de banho em derrapagem, percebi que mais valia ter calçado as galochas...
- O Tomás anda a "pregar-me" sustos...- respondeu, com o chuveiro em riste, meio escondido atrás das cortinas.
- E tu defendeste-te com chuveiradas, já vi!- chão, paredes, móveis: tudo parecia ter estado numa tempestade.
Tive que pensar depressa. "Passo-me ou não??"
E, de repente, vi-me em versão criança, a saltar convicta nas poças que a chuva deixava...
- Vá, já chega de banho. Vistam-se e venham para a mesa.- "É só água, e a água seca!"

Muitas vezes a melhor forma de lidar com crianças é lembrarmo-nos de quando o éramos plenamente; entrar no seu mundo e ficar um pouco por lá. Talvez seja por me ter lembrado bem disto que, ainda há pouco, consegui convencer o João a despachar-se num ápice: fiquei à porta do seu quarto com ar de desafio. Quando tive a sua atenção, tirei, com ar teatral, um carrinho do meu bolso e passei-o pela porta.
- Tu! E eu! Daqui a cinco minutos no chão da sala! Escolhe o teu carrinho, que o meu já está escolhido!-
Os olhos dele brilharam.
- Mas só se estiveres completamente pronto para ir para escola...-

Sim, a melhor maneira de os "vencermos" é mesmo juntarmo-nos a eles!!

Ana Amorim Dias

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