(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

17.11.13

Unhas de gel

Unhas de gel

Tinha decido debater comigo mesma a razão pela qual nunca fiz unhas de gel. Ter um gosto tendencialmente monocromático e não apreciar perder o meu tempo com "mariquices", são justificações menores. O verdadeiro motivo para nunca ter cedido a esta crescente tendência é outro: não gosto de usar nada que não possa controlar e tirar eu mesma!
Não digo que não as haja bonitas, porque realmente há! Mas o problema surge quando os dias passam e a imaculada obra inicial dá lugar a um desmazelo ao qual a pessoa não sabe acudir por si só.

Vi na internet as notícias sobre o furacão Haiyan, um dos mais fortes alguma vez registados. Horrorizada com os números de vítimas e as imagens da calamidade que se está a viver nas Filipinas, perguntei-me por que raios haveria eu de, logo hoje, escrever sobre algo tão fútil como unhas de gel.

Neste momento o sol brilha. Pelo menos onde eu estou. Oiço as vozes despreocupadas dos comensais que hoje vieram fazer a sua festa aqui à quinta. Penso no desespero e traumas de quem, lá longe, terá que aprender a viver com a devastante experiência e suas consequentes perdas. De que me serviria não escrever sobre as fantásticas unhas a que nunca me rendi só porque não as sei corrigir e controlar? A verdade é que, perante forças como a natureza ou o destino, nada podemos. O que podemos sempre tentar controlar é a nossa vontade de não nos tornarmos demasiado insensíveis a todos os lutos do mundo. O que podemos tentar controlar é a nossa tendência de dar problemáticas importâncias a coisas que não importância rigorosamente nenhuma!

Se calhar um dia destes ainda experimento as tais unhas de gel (de uma só cor e sem desenhitos!): é que a decoração das unhas é algo com uma importância tão reduzida que nem vale a pena tentar controlar.

Ana Amorim Dias

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