(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

17.11.13

A balada de Hill Farm

A balada de Hill Farm

Se me perguntassem qual era a série policial da minha vida, só poderia responder: a "Balada de Hill Street". Nenhuma outra chegou a ter o mesmo sabor, som e valor. Nenhuma outra marcará tanto.
Foi aliás esta série que me ambientou muito depressa a Lisboa quando, com 18 anos fresquinhos, fui para lá viver sozinha. As sirenes, que em Faro nunca se ouviam, traziam-me um emocionante travo a ação que me encantou desde o início.
Quando finalmente, alguns anos depois, aterrei pela primeira vez no JFK e me dirigi para Manhattan, o som da balada acompanhou-me por dentro...

Creio que foi há duas noites que um helicóptero voou mesmo por cima da Quinta do Monte. Eu estava a deitar-me quando o aparelho rasou tão perto que toda a casa estremeceu.
- Mãe? Ouviste isto?-
O Tomás apareceu, alarmado.
- Sim, era um helicóptero. Volta a dormir, está tudo bem.-

Na Quinta do Monte ouvem-se os animais e a brisa a soprar nas árvores, ouvem-se carros a chegar e partir, ouvem-se as vozes felizes, a música, os aspersores a regar a relva e camião do lixo às segundas e quintas à noite. O que não é costume escutar são sirenes nem aeronaves rasantes.

A vida também é som. A sua compreensão e nuances também são feitas pelo sentido da audição. E há pequenos ruídos que nos transportam não só ao passado como ao entendimento do que levamos dentro, guardado bem cá no fundo. Amo os sons do meu dia a dia, mas não posso negar que os sons da ação me despertam os sentidos e me devolvem a consciência deste amor pela aventura.

Termino esta crónica a sorrir com a coincidência. HILL, em português, é colina, mas também pode ser Monte. Escrevo ao som das baladas: não de Hill Street, mas de Hill Farm!

Ana Amorim Dias




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