Sem facebook
No fim da tertúlia sobre redes sociais, houve um senhor que rematou com uma pergunta incisiva:
- E quem seria, hoje, a Ana Amorim Dias sem o Facebook?-
Como já não havia tempo (e eu queria pensar bem no assunto), garanti-lhe que a resposta chegaria na crónica de hoje.
Quando, há quatro anos, comecei a escrever, percebi rapidamente que, nos meses em que não estava a escrever nenhum livro, sentia um vazio profundo nos meus dias. Nos primeiros meses de 2011 entrei para o facebook e, sem ter uma ideia precisa do que iria acontecer, habituei-me a escrever e publicar uma crónica quase todos os dias...
Raras são as coisas que não têm alguma sombra a acompanhar-lhes a luz. Redes sociais incluídas. Mas, da mesma maneira que manejar um carro ou um fogão implica riscos, também os novos veículos de comunicação podem ser perigosos, a menos que tenhamos maturidade e inteligência para os converter apenas em nossos aliados.
Escrever faz-me feliz; usar constantemente a criatividade reconecta-me à vida; aceitar o desafio de escrever sempre, e sobre tudo, obriga-me a uma atenção, curiosidade e coragem, que me conferem um maior entendimento de tudo. Mas é o retorno que os leitores me dão que tem feito de mim melhor pessoa; que me tem humanizado de uma forma muito prática e consistente. Não sei se inspiro, se dou o exemplo ou se sou formadora de opinião. Apenas sei que vocês, que aí estão desse lado, me transmitem talvez mais do que eu vos dou a vocês.
Agora já lhe posso responder, Jorge, que a Ana Amorim Dias, sem o facebook, talvez fosse apenas uma Ana Dias mais incompleta, mais imatura e menos preocupada em ser uma pessoa melhor.
Ana Amorim Dias
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