(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

28.9.13

O corpo que se aguente

O corpo que se aguente!

Terminei o dia de trabalho à uma da manhã e nem me passou pela cabeça recusar a visita de amigas que chegaram pouco depois. Deitei-me algumas (demasiadas) horas mais tarde, com a garganta dorida de tanto rir e falar. E então dormi, mas pouco: acordei cedo, na urgência de ir para o mar que me chamava com um rugido excitante.
À tarde, tombada na cama, ocorreu-me que viver demais cansa o corpo. Viver muito e intensamente, acaba por trazer algumas "faturas" de desgaste e cansaço, é inevitável. Mas enquanto as pálpebras ameaçavam cerrar-se e eu teimava em manter-me acordada, teci outras considerações: será que quanto mais o corpo se gasta, mais a alma se constrói? Não será com algumas doses de insegurança, esforço, desgaste e desconforto físico que a essência mais floresce?

A vida real arrancou-me das considerações e do descanso. E agora, horas mais tarde, recordo parte de uma das muitas conversas de ontem à noite...
- O que temos de mais precioso é mesmo a nossa saúde.- disse uma das minhas amigas.
- Desculpa mas não concordo. - reclamei - O corpo envelhece, gasta-se, desmaterializa-se... Isto é um facto! Eu, pelo contrário, acredito que o nosso bem mais preciso é a alma porque, essa, é indestrutível.-

Percebo que, apesar de cansada, não me apetece deixar que o corpo se renda já ao final de mais um dia: a alma quer divertir-se mais um pouco; o corpo que se aguente!

Ana Amorim Dias

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