Tenho que ir ali, já volto
- Bolas...-
- O que se passa?-
- Nada. Hoje ainda não se passou nada e o problema é esse: não tenho tema para escrever.-
Ele riu-se. Acha tanta piada a esta minha devoção que anda sempre a contar, a toda a gente a quem me apresenta, que todos os dias escrevo uma crónica.
Não demorou muito a surgir o tema. Fomos visitar um amigo seu, e eu, passados cinco minutos, desculpei-me:
- Tenho que ir ali, já volto.- e pimba, desapareci.
Caminhando, quentinha, ao frio, dei graças pela leveza com que me desembaraço das situações. Prefiro conversar comigo a ouvir conversas repetidas sem ser um agente ativo. Adoro o meu "vou ali, já volto" porque o reconheço como um forte aliado do gene que me obriga a estar sempre em movimento.
Mas acaba de me ocorrer algo: e se o convívio que deixei para trás se tornou interessante? E se estou a perder algo, algum ensinamento ou lição que possa dar azo a uma outra crónica?
Desculpem, mas tenho que voltar... Tenho que ir ali, já volto!
Ana Amorim Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário