(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

14.7.13

Bruxa

Que bruxa

Gosto quando me chamam "Bruxa!". Só quem me tem carinho é que tem também a coragem de me tratar assim. Como dizia o meu pai: "Yo no creo en brujas, pero que las hay, hay!" E tinha razão. Percebo agora que existem. Sou a prova disso mesmo!
Podia dizer que sou uma bruxa boazinha, daquelas que só lançam feitiços bons, mas temo ser desmentida por quem partilha o mesmo teto que eu e vê amiúde os ataques de mau feitio em que só não me monto na vassoura porque seria multada por excesso de velocidade!
Desconfio que os meus piores bruxedos são lançados sobre mim mesma. Com os outros, barafusto, barafusto, mas não os sei atingir. E a maçã envenenada sobra sempre para mim: os amuos infantis que demoram a desfazer-se; o mau génio que se apodera de todas as células do corpo; e uma irritação esmagadora, contra tudo e contra todos, faz com que não me consiga aturar a mim própria.
E de repente lembro-me do contra-feitiço: "Deixa de ser uma besta! Só estás mal disposta porque queres ó palerma!". Depois vou dormir ou escrever e saio do modo "embruxado".
Sei que todos somos as "bruxas" na nossa própria existência. Ninguém tem a capacidade de nos roubar esse papel! Como ninguém tem também a capacidade de ser a nossa Fada Protetora com a mesma eficácia que nós mesmos.
Agora deixem-me despachar que tenho que dar gás à vassoura para ir buscar uns fantásticos (quase mitológicos, quanto a mim) seres que vêm cá passar uns dias!

Ana Amorim Dias

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