(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

2.6.13

Uma camisa lavada

Sábado, 1 de Junho de 2013.
13 horas

- Mããeeee!-
- O que foi agora, Tomás?-
- A minha camisa branca?-
- E eu é que sei? -
- Oh mãe! A avó vem buscar-me às três! E agora? O que é que faço?
O rapaz tem a sua profissão de fé esta tarde e a avó deixou bem claro: calças de ganga sem rasgões e uma camisa branca.
Deixo-me estar em silêncio. Ele sabia, agora resolva.
- Mãe! A sério! O que é que eu faço? Só encontro esta e está suja...-
- Podes sempre lavá-la e estendê-la ao sol!-
A criatura, na sua aflição, desaparece para a lavandaria, e volta logo a seguir, com a blusa suja na mão.
- Mãe... Como é que se lava uma blusa?-
Torço-me de êxtase.
- Molhas, colocas o detergente e esfregas. Assim:- exemplifico com um pano de cozinha amarelo - Depois passas por água e penduras ao sol, no estendal.
Desaparece de novo. Mais dois minutos e está de volta, com a blusa numa mão e um pano de cozinha amarelo na outra.
- Explica lá outra vez? Molho este (o amarelo) e esfrego a blusa com ele??-
Tento manter o ar sério e confiante de quem acredita que ele vai ser capaz e explico que a blusa se esfrega com a própria blusa.
Um pouco mais tarde, depois de verificar que a blusa está bem lavada, cheirosa e pendurada, entrego-lhe a tal camisa branca de que ele andava à procura.
Sabia que ele conseguiria lavar uma peça de roupa. Porque ser mãe é isto: uma verdadeira profissão de fé!

Ana Amorim Dias

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