(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

2.6.13

Anexo nazi

Anexo nazi

Imaginem uma pessoa a quem, ao longo de vinte e cinco anos, fossem entregues trezentos euros por dia. Uma pessoa sozinha, a quem tudo o que era pedido era que tornasse a sua vida sustentável e próspera por forma a que um dia pudesse repor esse empréstimo mantendo-se sustentável e próspera. O lógico seria a pessoa investir na sua educação e na sua formação; na criação de condições de produção para si mesmo e para vender; na sua saúde; no fomento de bons contactos e relações comerciais; na poupança e por aí fora.
Agora imaginem que esse dinheiro (que se tinha comprometido a utilizar da forma referida) era gasto em noitadas, luxos e superficialidades que em nada serviriam ao objetivo da criação de uma vida próspera. Quando chegasse a hora do pagamento essa pessoa estaria menos sustentável do que anteriormente e, claro, não teria como pagar, tendo então que se socorrer de incontáveis aleivosidades para fazer face à dívida.
Talvez o exemplo dos trezentos euros por dia para uma pessoa não esteja proporcional aos nove milhões por dia para um país como o nosso, mas como não sou economista terão que me perdoar e procurar vocês mesmos a proporção mais correta.
A analogia, no entanto, parece-me mínimamente válida. Onde se "investiu" o dinheiro? E desta vez não falo só de políticos pois é patente que muitos particulares usaram dinheiros de subsídios para gozar "la vida loca" em vez de o utilizar no que deviam.
E agora, além das centenas de desgovernos incríveis que estão a acabar de cremar o nosso falecido país, ainda temos de usar cateteres em segunda mão? Porque não usam a tática dos Khmers vermelhos no Camboja e matam logo quem está doente, velho ou incapaz para trabalhar? Ou então, como o nome do anexo SS indica, porque não se seguem os exemplos das forças nazis?
O desgoverno começou no dia em que se receberam os primeiros milhões. Era para serem gastos na construção de um país desenvolvido e próspero e não nesta amálgama de gente de bem depauperada e de gananciosos impunes. Espero com esperança o dia em que se apurem responsabilidades junto de todos os que ocuparam posições de poder nas últimas três décadas. Quando isto acontecer e quando os seus patrimónios e contas no estrangeiro forem devolvidos aos cofres do estado, talvez eu consiga voltar a dizer "sou portuguesa" sem sentir uma enorme vergonha.

Ana Amorim Dias

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