(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

11.12.13

Muita luz

Muita luz

- Mãe, tu tinhas dito que era dia um!-
- Hã?-
- A árvore de Natal e o presépio: disseste que se montam sempre no dia um de Dezembro.- reclamou o João.
- E já é dia dois, não é?-
O Tomás, entretanto, aproximou-se interessado.
- Então vamos lá! Mas, como já sabem, há que criar as condições!-
E lá andaram, a rodopiar atrás de mim, enquanto eu acendia a lareira e as velas e punha música de Natal a soar, bem alto, na casa toda.
Fomos buscar a parafernália e começámos.

À medida que os ramos do pinheiro ganhavam volume a seis mãos, deixei-me envolver pelas gargalhadas felizes destes dois anjos e lembrei-me de um outro, que adorava esta época como nenhuma outra.
- Sabem quem adorava isto?-
- Sabemos: o avô João!- responderam quase em uníssono.
Eu sorri, invadida por um sentimento de missão cumprida, sentindo a luz quente de uma companhia que nunca me deixará.
Pouco depois, sem saber muito bem como, estavamos os três no chão, envoltos em luzes brilhantes.
"When we finally kiss good night
How I'll hate going out in the storm!
But if you'll really hold me tight
All the way home I'll be warm"... Cantava o Dean Martin.

Gosto de luz, muita luz e não gosto de dizer adeus. Mas vejo as memórias, que quem já partiu deixou em nós, como um abraço apertado que nos mantém quentinhos para sempre.

Ana Amorim Dias

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