(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

20.10.13

Das trevas para a luz

Das trevas para a luz

Liguei-lhe ainda antes das dez da manhã. Não sei há quantos meses não falávamos. Há muitos...
- Ana!! Passa-se alguma coisa? Eu vou já para baixo!!-
- Calma, querida! Não se passa nada. - ela quase não me deixava falar.
- Nem precisas de dizer o que é! Eu arranco já para o Algarve e vamos resolver o problema!
Por esta altura já eu estava engasgada em gargalhadas.
- Sim, Angela, eu sei: há as pessoas que criam os problemas e as que resolvem os problemas...
- ...e nós resolvemos problemas!- terminámos em coro.
A hora seguinte foi, como sempre, de uma cumplicidade, alegria e entendimento para lá do explicável e, no entanto, tão comuns como o são (felizmente que para isto ainda não criaram imposto) as grandes amizades.

Hoje acordei a pensar em ti. O cheiro extasiante da terra molhada e o encantador paradoxo do sol a desfazer o nevoeiro, trouxeram-me à memória muito do que vivemos juntas. Ao som das músicas que sempre me banham os dias, realizei um filme mental de uma beleza ímpar. E detive-me num momento, fraturado no tempo, há tantos anos atrás que parece ter sido numa outra vida qualquer...

Entraste no meu quarto, com o entusiasmo de sempre, a falar sem parar. E de repente gelaste: eu chorava copiosamente, já não me lembro porquê. A tua aflição por veres a "rocha de alegria e força" a chorar, foi tão grande e genuína que não pude impedir-me e comecei a rir por entre as lágrimas. lembras-te?

A amizade é isto! É ir ao cabo do mundo sem precisar de saber a razão. É uma amálgama de paradoxos incríveis que nos faz duvidar de toda a lógica. É a paixão incorpórea mais genuína e valiosa; aquela nos faz entender que existe quem nos consiga fazer voltar das trevas para a luz... com apenas um olhar.

E sabes que mais? Que se lixem os erróneos entendimentos! Eu amo-te!

Ana Amorim Dias

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