Guerreira
- Tinhas razão, Ana!- disse-me ele com um sorriso radiante.
Há uns tempos atrás eu dissera-lhe que, no fim, a conversa dos noivos é sempre a mesma: "Superou muito as nossas expetativas!" Assegurei-lhe que ele não seria exceção e me diria exatamente o mesmo, no final da sua festa.
Não faço pinturas de guerra nem uso camuflagem, ou melhor, se calhar sim: uma sombra suave e rímel nos olhos; uma roupa minimamente elegante que se conjugue bem com confortáveis botas de montanha (sim, é possível!), e estou pronta para a batalha!
Esta alegoria usa a guerra de uma forma diferente, não sangrenta, em que o belicismo nada mais é que do que a nossa determinação em sermos muito bons no que fazemos. Reconheço a tremenda sorte que tenho por adorar todas as minhas batalhas laborais. Há, no entanto, algumas que intimidam ao ponto de quase me roubarem o sono e me fazerem pensar que sou louca por aceitar assumir tão assustadores desafios. Sei que a minha vida não corre perigo, mas há por vezes em jogo valores de quase igual importância, como a honra, a competência e o nome. A realidade é que, no mercado empresarial, honra, competência e nome, equivalem à vida!
Preparação
Ninguém no seu juízo perfeito se deve lançar numa guerra sem o máximo de preparação possível. Muito treino. Armas preparadíssimas e mil vezes verificadas. Tropas bem motivadas, apaixonadas pela causa. Estratégia, planeamento. E munições! Munições em quantidade suficiente para garantir a vitória.
Nos primeiros anos ficava um pouco nervosa no momento em que a Quinta do Monte era invadida por "hordas de cossacos" esfomeados e sequiosos. Depois aprendi que o truque estava na extrema preparação... Mas não só...
Mentalização
Nenhuma tropa, por muito bons que os soldados sejam, consegue ganhar a guerra se for conduzida por um líder inseguro e desorientado. Um líder não tem só que ir à frente dos seus soldados, com bravura e inteligência; um líder tem que saber decidir tudo a todo o momento e, acima de tudo, tem que sentir-se guerreiro e inspirar a máxima confiança a quem o segue.
Podem vir 30 ou 300. É sempre uma "guerra". Nunca me permito colocar em causa a honra, a competência e o nome "Quinta do Monte"! Tudo tem que ser perfeito. Tudo tem que superar as expetativas. Por isso, quando os comensais começam a chegar, renovo o entusiasmo das tropas para os encherem de munições feitas de comida, bebida e simpatia; e transformo-me de novo na guerreira que tanto adoro ser.
Ana Amorim Dias
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