(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

16.9.13

Sublimes comunhões

Sublimes comunhões

Quando os conteúdos são mais arrojados, gosto de avisar primeiro, não vá algum incauto púdico ler o que não queria.
Apesar de usar palavras suaves, antes de me iniciar na divagação, deixo o alerta: se lerem para além destes dois parágrafos, é por vossa conta e risco.

Parece que, na Rússia, andam a aparecer lições para quem queira aprender ou aperfeiçoar a "arte" do fellatio. Até aqui nada de novo, pelo menos na minha despreconceituosa forma de ver as coisas. Ora a razão de ser desta crónica nem é o fellacio em si e sim a reação de horror que a notícia de tais aulitas desencadeou em certos seres. Não bastando invocar que tais práticas levam à alienação e perda de identidade da mulher, bem como à miséria humana, a massa crítica ainda se fartou de "bater" (quem quiser pode rir agora com a bela escolha verbal) nos pobres russos, alegando serem uns desalmados materialistas sem qualquer espiritualidade. Conheço bastantes russos e, tanto quanto sei, apesar de um pouco ruidosos e loucos, são extremamente hospitaleiros e dados.
Mas voltemos às lições de fellatio! Para quê tanta indignação? Não são aulas sobre como praticar nenhum crime e quem tem vontade de aprender a fazer melhor as coisas deve sempre investir no desenvolvimento das suas habilidades, certo? Haverá perda de identidade da mulher pelo facto de também exprimir o seu amor dessa forma? Claro que não, muito pelo contrário.
Tudo isto deixa-me a pensar que continuam a existir demasiados tabus e que é em parte por culpa deles que as pessoas são tão ignorantes e preconceituosas.
Não posso terminar sem chamar a atenção para o seguinte: miséria é viver sem saber como dar e receber amor; é passar pela existência sem experimentar os inócuos e soberbos prazeres partilhados com paixão. Miséria é vivermos sem nos rendermos e entregarmos, com amor, a comunhões sublimes.

Ana Amorim Dias

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