Território inacessível
Reparei na forma como estava alheada de tudo, ao seguir, com uma curiosidade espantada, o galope veloz dos meus inesperados pensamentos.
Tentei ver-me pelos olhos de quem me rodeava: o que pensariam os outros da pessoa encostada à ponta do balcão, de olhos perdidos num ponto vazio para lá do tempo e do espaço?
Regressei da emocionante viagem do meu pensamento e tentei imaginar em que estariam todas aquelas pessoas a pensar. Os que estavam a participar ativamente em conversas dificilmente estariam perdidos em grandes considerações. Creio que o momento em que as pessoas falam é dos poucos em que nos aproximamos minimamente do que realmente lhes vai no pensamento. Tudo o resto é insondável: um território inacessível.
Talvez não seja a primeira vez que confesso a profunda admiração que sinto pela minha forma de pensar e pelo fantástico prazer que as alucinantes viagens do pensamento me proporcionam. Tenho plena consciência de que uma das minhas maiores paixões é o meu próprio pensamento. É com uma maliciosa e deliciada traquinice que me lembro amiúde que os pensamentos são aquela parte de nós à qual absolutamente mais ninguém tem acesso! Apesar de constantemente partilhar por aqui alguns excertos daquilo que penso, adoro recordar-me, a todo o instante, que os pensamentos são o meu mais intrínseco, irrequieto e inviolável património! E que sorriso traquinas isso me deixa no rosto!
Ana Amorim Dias
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