(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

17.5.13

Usar o filtro

Usar o filtro

- Dá o melhor de ti. - Entrega-te completamente. - Mergulha por inteiro nas coisas. - Esforça-te ao máximo. - Faças o que fizeres, dá cem por cento!-
Estas palavras de motivação, inspiração e encorajamento ouvem-se e lêem-se por todos os lados, mas quem as tente seguir sempre, ou é louco ou completamente estúpido.
Dar o melhor de nós nem sempre é a melhor opção. Há casos em que somos salvos pelo mau génio, pela falta de paciência, pelo espírito contestatário e por tantos outros atributos, à partida menos bons.
Entregar-nos completamente? Claro que sim. Porque não? Mas protegidos: sempre com a consciência de que a confiança absoluta apenas deve recair sobre nós mesmos.
Mergulhar por inteiro nas coisas também é fantástico. Sobretudo naquilo que mais nos apaixona. Mas a vida não é estanque nem arrumada em gavetas e não podemos esquecer que, ao mergulharmos por inteiro em algo, corremos o risco de deixar de viver tudo o resto.
Esforçar-nos ao máximo é errado. Quando nos temos que esforçar ao máximo não estamos a cumprir a nossa missão, não estamos a fazer aquilo para que nascemos. Cada um deve encontrar os seus dons e exercê-los pois é assim que agirá sem esforço, com naturalidade e prazer. Só daí pode resultar a perfeição e a derradeira utilidade das nossas ações.
A frase mais tonta de todas é mesmo a de dar cem por cento. Se o fizermos ficamos sem gota de sangue. Se dermos tudo de nós sem deixar nada cá dentro, desligamos a nossa ligação à nossa essência e, portanto, ao divino. Apenas temos obrigação de dar cem por cento a nós mesmos. Esta é a única forma de renovarmos constantemente o manancial de tudo o que de bom temos e devemos entregar aos outros e ao mundo.
As máximas de auto-ajuda são excelentes. Mas apenas se as filtramos e soubermos usar com as razões do coração.

Ana Amorim Dias

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