(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

17.5.13

A força que nasce aqui

A força que nasce aqui

Estava na esplanada do Natura, na praia da Retur, a falar com uma nova amiga, a Margarida, quando a Susana chegou. Vinha um pouco apressada, apesar de apenas terem passado cinco minutos da hora combinada. Pousou a mala na cadeira, a câmara fotográfica na mesa e cumprimentou-me com um vigor entusiasmado que me agradou de imediato.
A entrevista começou de forma quase automática, com uma naturalidade tão grande que quase me fez esquecer a inversão de papeis. Normalmente sou eu a entrevistadora, a curiosa inquisidora que quer captar as essências daqueles sobre quem trabalho.
Chegou preparada, agindo com um instinto e profissionalismo que me deixaram surpreendida. Sei que lhe facilitei a missão porque, à força de tanto representar o seu papel, consegui captar exatamente aquilo que ela queria saber. E dei-lhe as respostas. Todas. Inteiras e intensas. Verdadeiras e absolutamente sentidas. Como as gosto de entregar a mim mesma.
No decorrer desta conversa-entrevista, que se prolongou durante quase três horas, fiquei com a certeza de termos feito nascer uma nova amizade. E dei uma resposta que sintetiza todo o meu trabalho de escrita criativa: -Tenho que sentir tudo o que escrevo... Tenho que sentir uma enorme emoção aqui - abri a minha grande mão sobre o peito, com uma expressividade marcada - é aqui que a força das palavras me nasce, não o sei fazer de outra forma. Como se uma onda cristalina e perfeita me rebentasse no peito e a sua espuma saísse, depois, em textos que alimentam, iluminam e curam.-
Quando voltei ao meu carro continuei a pensar no que dissera, completamente feliz por saber como funcionam as ondas do meu coração.

Ana Amorim Dias

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