(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

17.5.13

Bom dia Eric!

Bom dia Eric!

Tenho que te contar uma coisa mas primeiro pára lá com o tique das pernas aos saltinhos e vai buscar o teu café à Clooney que eu espero.
Voltaste? Muito bem, então cá vai: terminei hoje, à uma da manhã, a tua biografia. Mando-ta nos próximos dias, depois de revista e corrigida. Tem só um pouco mais de paciência. Tenho a certeza absoluta que te vai encantar; que vais sorrir enternecido, vais rir, talvez até verter uma lagrimita numa ou noutra parte. Enfim, vais emocionar-te com a leitura do retrato escrito que fiz da tua emocionante vida ao longo destes trinta e tal dias que não posso dizer que tenham sido de trabalho. Foram antes dias felizes, pautados por um ritmo criativo por vezes alucinante que me permitiram viver o delicioso prazer de contar os teus quarenta e nove anos de intermináveis aventuras.
Tenho vários agradecimentos a fazer-te, todos eles eternos e profundamente sentidos. Obrigada por teres confiado a tua vida às minhas palavras. Obrigada pela encantadora forma como me recebeste e pela paciência infinita com que, nos últimos dois meses, mantiveste para comigo uma disponibilidade total. Obrigada por te teres mostrado integralmente em todas as tuas vitórias, fracassos, forças e fraquezas; por me teres entregue todos os paradoxos de homem tão forte quanto frágil; por me teres confiado segredos que uma pessoa normal jamais aceitaria contar a quem lhe estivesse a escrever a vida.
Confesso-te que fiquei sem vontade de voltar a escrever a biografia de quem quer que seja (a não ser talvez a minha, num futuro ainda longínquo) pelo simples facto de me parecer impossível voltar a ter por "objeto" quem te possa superar. Pela personalidade, pelos feitos e pela forma como te conduzes perante a vida e perante as pessoas. Não é qualquer pessoa que tem livros com prefácios escritos pelo Fidel Castro; que viveu momentos históricos no local; que esteve no meio de guerras e agiu com uma humanidade incrível. Poucas pessoas viajaram o que tu viajaste, viram o que viste, sentiram o que sentiste e privaram com quem privaste. Poucas pessoas se decidem a renascer das cinzas e testar a sua resiliência com feitos tão significativos e resgatadores da bondade humana como tu. É por isso que creio que não voltarei a narrar a vida de mais ninguém.
Agradeço-te tudo o que contigo aprendi, cresci e evolui. Creio que posso dizer que me marcaste, como sei que marcas todos com quem te cruzas. Garanto-te, de novo e em público, que é inegável esse poder que tens, de acrescentar muitas coisas boas à vida de toda a gente.
Termino com mais dois pensamentos. A tua maior qualidade? Acreditares que todas as pessoas são boas e dedicares a tua vida a provar isso mesmo. A tua missão? Fazer nascer os sonhos na vontade de todos os Homens. Mas fazê-los nascer com uma tal consistência que és bem capaz de ser responsável pelas mudanças na vida de muita gente.
Agora vai lá continuar a preparar a expedição da volta ao Mundo dos cem graus celcius; vai lá escolher uma mota apropriada para enfrentar o frio glacial e estudar as características dos ursos que vais encontrar pelo caminho. Mas por favor não te esqueças que, ao contrário dos humanos, os ursos talvez não se rendam ao teu encantador sorriso.

Ana Amorim Dias

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