(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

3.3.13

Manter o foco

Manter o foco

Uma autoridade na matéria dizia ontem, no noticiário da uma, que devemos vestir várias camadas de roupa para melhor enfrentar a vaga de frio que se faz sentir. Eu e o meu irmão armamos logo um pagode, sob o ar embasbacado do meu sobrinho e a atitude de habituação conformada da minha mãe.
- E quando tiverem calor, tratem de despir a roupa, camada por camada! - continuou o meu mano com o mesmo ar de quem estava a fazer a mais incrível revelação.
- Ainda bem que fazem estes importante apelos, Miguel, caso contrário as pessoas ainda saem de casa com roupa de praia!- ironizo.
- Com este frio? Nem tu!- alvitrou a nossa mãe.
Depois de uma fraternal desgarrada de apelos óbvios que nos temperam o almoço com abertas gargalhadas, recolho às minhas visões do Mundo.
"Porque insistem as pessoas em ensinar aos outros o óbvio? Mas, óh Ana, não é o que tu estás constantemente a fazer? Bolas! Será? Não, não me parece! Pelo menos não o faço de forma óbvia e sim com as mais estapafúrdias alegorias! E creio que nunca me saí com algo tão mau como: está frio, por isso vistam várias camadas de roupa..."
A questão é muito simples, na verdade. Todos sabemos o que fazer quando temos frio ou calor. Todos sabemos o que fazer quando temos sono, sede ou fome. E sim, sem dúvida que todos sabemos o que fazer quando nos sentimos vazios, tristes ou sós, sem que seja preciso aparecer uma sumidade no noticiário da uma a dar-nos instruções sobre como voltar a encontrar o nosso centro, foco e felicidade.
Mas se nunca nos esquecemos que com muito frio devemos usar várias camadas de roupa, porque nos estamos sempre a esquecer como se sorri desde as entranhas, como se lança magia aos outros e como transformamos a nossa realidade vibrando na frequência certa?
Porquê? Porquê? Porquê?
Hum??
Só me ocorre uma resposta: falta de foco! Estamos tão concentrados em coisas que não valem porra nenhuma que deixamos de conseguir sentir o frio que às vezes se instala dentro de nós. E se não estamos atentos ao frio que se nos instala na alma, como poderemos saber que está na hora de nos vestirmos de amor-próprio, entusiasmo e boas emoções? Temos que nos consciencializar desses intensos frios para tratarmos de nos aquecer com música, dança, sorrisos, abraços, amor...
Temos que saber sentir que estamos frios para nos lembrarmos dos incontáveis agasalhos do nosso roupeiro interior, que nos podem sair por todos os poros, como partículas mágicas que nos aquecem a nós e a todos à nossa volta.

Ana Amorim Dias

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