(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

3.3.13

Entendimentos felizes

Entendimentos felizes

Uma rumba magnífica soa alto no rádio do carro. Ele sai e diz "até logo" com um sorriso bem doce. Deixo-o atravessar a passadeira, mesmo à minha frente, e uma vontade irreprimível apodera-se do momento.
Uma leve buzinadela, um adeus convicto e um sorriso rasgado. Qualquer outro adolescente teria virado a cara para o lado e fingido que aquela mãe não era sua. Mas o Tomás, com a sua infinita paciência e doçura, só não me retribui a leve buzinadela.
O êxtase é tão grande que me torno irrefletida e não só repito o chamamento com a buzina, o sorriso e o adeus, como os acentuo intensamente. E o pobre miúdo mesmo à porta da escola, com muitos amigos por perto.
- Pronto Ana, já fizeste merda!- penso, assim que termino a compulsiva excentricidade.
Mas aquela criatura deliciosa vira-se para trás, em câmara lenta como nos filmes, e dá-me o sorriso mais orgulhoso e belo que jamais vi em alguém. Arranco devagar com o carro a fazer-me deslizar numa paradisíaca nuvem de prazer, quando reparo que os amiguinhos dele também estão a sorrir...e a fazer-me adeus!
Moral da história? Há tantas. Mas creio que a mais importante é ter comprovado que quando as compulsivas excentricidades nos nascem de um amor feliz, serão sempre bem entendidas!

Ana Amorim Dias

Sem comentários:

Enviar um comentário