(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

16.6.13

Viagens no tempo

Viagens no tempo

Estava a ver fotografias na net e parei perante a silhueta do gigante. Era-me familiar.
Alguns segundos de atenção bastaram para perceber que estava a olhar para a "Piedra Peñol", um monólito de duzentos e vinte metros de altura, situado na província de Antioquia, na Colômbia.
Voltei lá nesse instante, dez anos depois de lá ter estado, com uma precisão incrível. Regressei ao momento em que a imponente rocha se elevou perante mim. Voltei a subir os setecentos e dois degraus e a perder-me no horizonte incrível que os olhos puderam alcançar.
Mais uns segundos e voltei a descer. Encontrei-me de novo no jeep branco do Luís e a escutar a música que ouvi pela primeira vez naquele instante, com a Pedra Peñol a ganhar distância: "Cualquier dia, cualquier hora, volveremos a vernos, en cualquier lugar, para hablar de amor..."
Regresso da viagem às minhas memórias. Faço soar a música no YouTube, ainda com o intenso sabor daqueles momentos a adoçarem-me a alma. "Ay amor, si yo pudiera abrazarte ahora, poder parar el tiempo y la demora, y nunca más dejarte ir de mi..." Há pessoas-rochedo na vida de cada um de nós. Pessoas que nos fazem sentir a vertigem da altura e a segurança da sua solidez. E depois há bênçãos. Bênçãos que nos chegam em pequenos nadas nos quais tropeçamos, simplesmente para cair desamparados nestas divinas viagens no tempo.

Ana Amorim Dias

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